quinta-feira, 2 de março de 2006

Os Malditos - auditório da Biblioteca Mário de Andrade - A Imaginação erótica - Eliane Robert Moraes (2º semestre do curso)

A Imaginação erótica
segundo semestre
Eliane Robert Moraes
4ª - 08h30 as 13h00
F 280

A SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA - COLÉGIO SÃO PAULO – APRESENTA:

OS MALDITOS

Local: auditório da Biblioteca Mário de Andrade – Rua da Consolação, Centro, São Paulo, SP

Datas e horário: às quintas-feiras, de 23 de março a 18 de maio de 2006, às 19:30 h.

Coordenação: Claudio Willer

Inscrições e informações: tel. (11) 3256 5270, ramal 206, ou kbocchi@prefeitura.sp.gov.br

O termo ‘malditos’ designa autores cujas obras, por incompreensão de seus contemporâneos ou pela ação da censura, demoraram para ser lidas e aceitas; e que, subseqüentemente, exerceram influência e foram vistas como inovadoras. Ganhou importância com a publicação da antologia Les Poètes Maudits, preparadas por Verlaine em 1884 e 1888, trazendo à luz os então desconhecidos Rimbaud e Tristan Corbière, e publicando Mallarmé. A expressão pode ser usada referindo-se a autores anteriores ao final do século XIX: serve para designar, por exemplo, William Blake e Baudelaire. Ou então, é projetada em Antonin Artaud, Allen Ginsberg, William Burroughs, e até em contemporâneos: por exemplo, no recente primeiro volume da Obra Poética de Roberto Piva, seu prefaciador, Alcir Pécora, utilizou a expressão ‘linhagem maldita do romantismo’.
A essa categoria, ‘maldito’, são associadas outras de uso corrente na crítica literária: ‘ruptura’, ‘tradição da ruptura’, ‘rebelião’ e ‘transgressão’. Pode ser entendida em contraste com a noção de ‘olímpico’: por exemplo, em meados do século XIX Baudelaire foi o ‘maldito’, e Victor Hugo o ‘olímpico’; em nossa literatura, na altura de 1900, Cruz e Souza foi ‘maldito’, e Olavo Bilac ‘olímpico’.
Há dois modos de abordar o tema. Um deles é examinar autores tipicamente malditos, obedecendo a uma série cronológica. São (entre outros) William Blake, Sade, Baudelaire, Rimbaud, Corbière, Lautréamont, Artaud, Bataille. Na literatura brasileira, são ‘malditos’ Sousândrade, alguns de nossos simbolistas e autores paralelos ao modernismo. Pode-se localizar ‘malditos’ na literatura de Portugal e na poesia hispano-americana, entre outras.
Outra abordagem é selecionar, como tema de palestras, não autores, porém questões associadas ao sentido do termo ‘malditos’. Por exemplo, a validade e atualidade do termo ‘malditos’; a existência de ‘malditos’ contemporâneos e de uma ‘linhagem maldita’ ao longo do tempo; a projeção além dos limites da criação literária dos ‘malditos’: em movimentos de vanguarda, política, contracultura, rebeliões sociais.
A programação foi feita combinando as duas abordagens: como série de autores, e focalizando temas gerais. Foi convidado um elenco diversificado de especialistas, tanto da área universitária, de diferentes lugares do país, quanto de criadores literários que trataram do tema ou que o representaram. Não há intenção de esgotar o assunto. Autores importantes – como Rimbaud – não serão objeto específico de palestras, mas deverão ser discutidos ao longo do ciclo. No entanto, do modo como foi planejado, ‘Os Malditos’ não apenas transmitirá informação relevante, sobre autores de indiscutível importância, mas dará margem à reflexão e a produtivas discussões.
Claudio Willer

PROGRAMAÇÃO

23 de março
ABERTURA: Inauguração de exposição de obras de e sobre poetas malditos, no saguão do auditório da Biblioteca Mário de Andrade
PALESTRAS:
Márcio Seligmann-Silva – Professor de Teoria Literária na Unicamp. Ensaísta, publicou, entre outros, Ler o Livro do Mundo e Conceito de Crítica de Arte no Romantismo Alemão (ambos pela Iluminuras), e, recentemente O Local da Diferença, Editora 34.
– O autor maldito é aquele que se permite dizer o mal? A relação entre o mal, o feio, o sublime e o belo.

Eliane Robert Moraes – ensaísta, professora de Estética e Literatura na PUC-SP. Publicou ensaios sobre o imaginário erótico na literatura, como Sade – A felicidade libertina (Imago) e O Corpo Impossível (Iluminuras)
– Os perigos da literatura: o “caso Sade”

30 de março
Leda Tenório da Motta – professora em Estudos pós-Graduados de Comunicação e Semiótica da PUC-SP, ensaísta, tradutora, autora de A Crítica Literária Brasileira no Último Meio Século (Imago), organizadora da coletânea Céu Acima sobre Haroldo de Campos (Perspectiva).
– Críticas malditas

John Milton – professor livre-docente de Língua e Literatura Inglesa e Americana no depto. de Literaturas Estrangeiras Modernas da USP, ensaísta, autor de Tradução, Teoria e Prática (Martins Fontes) e O Clube do Livro e a Tradução (EDUSC)
– William Blake: poeta de várias facetas

06 de abril
Olgária Matos –professora titular no Departamento de Filosofia da USP, autora, entre outros, de Rousseau, uma Arqueologia da Desigualdade e Os Arcanos do inteiramente Outro -a Escola de Frankfurt, a melancolia, a Revolução, Brasiliense:
– Walter Benjamin: filósofo maldito?

Viviana Bosi – ensaísta, professora do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada - Letras da USP, autora de ensaios e da coletânea John Ashbery: um módulo para o vento. São Paulo (EDUSP):
– Baudelaire: tensões da modernidade

27 de abril
Antonio Bivar – dramaturgo, narrador e ensaísta, autor entre outros das peças Cordélia Brasil e Alzira Power, e de O que é punk e Verdes Vales do Fim do Mundo, acabou de lançar Bivar na corte de Bloomsbury, ed. Girafa:
– Bloomsbury Babilônia

Roberto Piva – poeta, autor de Paranóia, Piazzas, Antologia Poétioca, Ciclones e vários outros livros, acaba de publicar Um Estrangeiro na Legião, volume 1 de sua obra reunida, pela Editora Globo.
– Pasolini, poeta maldito

04 de maio
João Silvério Trevisan – prosador, ensaísta, cineasta, autor de livros como Devassos no Paraíso, Ana em Veneza, ed. Best Seller, e Pedaço de mim, Record, está escrevendo um novo romance, O Rei do Cheiro.
– O conceito de 'maldito' na vigência da sociedade do espetáculo

Claudio Willer – poeta, ensaísta, tradutor de Allen Ginsberg, Antonin Artaud e Lautréamont –acabou de sair nova edição de Os Cantos de Maldoror –Obra Completa de Lautréamont, pela Iluminuras:
– Maldoror, a voz de Lautréamont; Baudelaire lido por Lautréamont.

11 de maio
Maria Lúcia Dal Farra – poeta, ensaísta, foi professora de literatura na USP, Unicamp e UFSE; autora de A Alquimia da Linguagem, ensaio, Livro de Auras e Livro de Possuídos, poesia e Inquilina do Intervalo, prosa (Iluminuras):
– Gilka Machado e Judith Teixeira, poetas contemporâneas e malditas.

Marcos Siscar – professor de teoria da literatura na Unesp; poeta; como tradutor, publicou Os Amores Amarelos de Tristan Corbière, Iluminuras, e A Rosa das Línguas de Michel Deguy, Cosac & Naify /7 Letras.
– O maldito como supliciado: de Charles Baudelaire a Tristan Corbière.

18 de maio
Lucila Nogueira – Professora de Teoria Literária e Literaturas de Língua Portuguesa na UFPE, ensaísta, poeta, autora de A lenda de Fernando Pessoa e de quinze livros de poesia, os mais recentes, Desespero Blue e Estocolmo.
– Portugal e seus malditos: o caso de Al Berto

Debate com Claudio Willer, coordenador do ciclo, e outros conferencistas:– Ler e entender os poetas malditos.

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